segunda-feira, 30 de março de 2009

Fim-de-semana triste

Não conseguia chamar nada pelos nomes.
"Escondê-la" significava beber uma mini ou um copo de vinho; "matráculas", o teclado de um computador; "Catafum", o café do Sr. Alfredo; "Brunho", era o Bruno; ...

Acordar de manhã com o sino da Igreja e ouvir varrer no pátio. Era ele que já lá estava fora a varrer porque tinha de estar sempre tudo impecável. O pão pendurado no lado de fora da porta e os ovos das galinhas já na mesa da cozinha.

Saio de casa e aperto-lhe a mão gorda, áspera de tantos anos de trabalho na terra. "Vai sair agora? Vou já abrir o portão". E lá ia ele com o seu andar inconfundível.

No Vale de Elvas manuseava o tractor como quem guia um carrinho de brincar. As histórias eram infinitas e mais cedo o mais tarde a referência ao meu avô acabava por acontecer, e que bom que era.

Ao Domingo estava todo bem composto no canto da praça, dia de descanso. Ainda assim nunca deixou de ir ao pátio ver se era preciso alguma coisa.

A Pintas era a sua companhia quando nenhum de nós estava em casa. Até o Taipan o conseguiu conquistar como amigo!

Perdemos um homem da terra, de bem, querido por muitos. Mal sabia ele que a "chamada" estava quase a chegar ao nome dele.

Descansa em paz, companheiro da família.

Um dia gostava de saber encarar a morte de outra forma.


Farrusco
1934 - 2009. Veiros.

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